Um mundo melhor começa em qualquer lugar
Um
mundo melhor começa em qualquer lugar
Brauner Sabino, março de 2019
Converso com todo mundo: De diretor a faxineiro, de gerente a
garçom, de pessoas ligadas à esquerda e a direita. Embora também ache muito
superficial essa divisão de esquerda e direita. Que é fruto de um velho
conflito ideológico de grandes potências mundiais. Um pensamento ideológico que
continua até hoje de forma inadequada e sendo utilizada de forma indiscriminada
em diversos aspectos tais como econômicos e sociais.
E numa dessas conversas como passageiro de Uber em São Paulo
semana passada comecei a falar de política. Sempre começo com opiniões mais
generalistas para aos poucos perceber a “lado ideológico” do motorista. Começo
com frase como “Esse país precisa melhorar muito ainda”. Se for da direita
geralmente a resposta é: “mas agora estamos no rumo certo” e se for da esquerda
responde algo como “estamos cada vez pior”. Às vezes preciso de apenas poucos
segundos para descobrir o “lado” da pessoa e às vezes demora um pouco mais. Mas
é só uma questão de tempo.
A turbulência que passamos na última eleição refletiu a
imaturidade do povo brasileiro quanto a análise, aprofundamento de fatos
distorcidos, capacidade de criticar e duvidar de informações recebidas nas
redes sociais, o que gerou discussões intermináveis “convictas de inverdades”
entre amigos e parentes. Nesse caldeirão de informações distorcidas a “porção
do ódio” foi a moeda mais usada como tentativa de convencimento.
Pois é, voltando ao motorista da direita comentei que São
Paulo é uma ótima cidade e entrega bons serviços à população. Sob o meu ponto
de vista e o que me chamou atenção nessa viagem a São Paulo foi o aumento do
número de pedintes e moradores de ruas principalmente nas ruas próximo a Av.
Paulista.
Comentei que precisamos novamente de um plano de país e não
apenas de um plano de governo para tentar resgatar a cidadania daquelas pessoas
mais necessitadas e que estão à margem da sociedade. Principalmente quando
olharmos os filhos e netos dessas pessoas com esperança de reverter a situação
delas através da educação.
Já os adultos, considerando apenas a idade, a reversão do
quadro é muito mais difícil sob o ponto de vista da educação.
Nessa hora o ódio do pensamento distorcido do motorista
falou: “- Só matando esse povo”. Olhei para ele e respondi: - Como é? Você está
falando sério? - Não diga isso senhor.
Me referindo principalmente aos idosos moradores de ruas continuei
a argumentar que as pessoas que estão nesta situação fazem parte sim da
sociedade em que vivemos e somos indiretamente responsáveis por isso. Se a
nossa sociedade como um todo não conseguiu até agora dar condições de vida, de
trabalho, de moradia, de saúde, e de lazer a essa parcela da sociedade temos
que conviver com essa situação tendo em mente que somos parte desse fracasso
como seres humanos que construíram muros sociais quase que inalcançáveis para
eles.
Mesmo os mais hostis à sociedade que são aprisionados
precisam ter um direcionamento adequado considerando que a própria sociedade
está bancando os custos de manutenção da rede carcerária. E para ser justo com
o nosso dinheiro gasto em forma de imposto precisamos nos preocupar sim como
ele está sendo empregado numa esperança de estar sendo utilizado de forma
adequada.
Cheguei ao meu hotel de destino e o papo não acabou. Ele
desligou o carro e continuamos a debater o tema como se ali naquela rua de São
Paulo os problemas sociais do país fossem acabar em função de uma discussão
entre um pensamento mais agressivo recheado de ódio (o do motorista querendo
resolver tudo na bala) contra o meu pensamento mais realista, fraternal e quase
utópico.
Disse: - Meu amigo, não podemos perder a esperança no ser
humano. Nunca.
Cada dia da nossa vida podemos fazer algo para melhorar esse
mundo. Não apenas com pensamentos e sim com ações mesmo que sejam pequenas
ações. Não devemos perder essa vontade de fazer um mundo melhor. O mundo
precisa disso. E muito.
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